quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Do Andebol ao Marketing! - Ricardo Andorinho

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Biografia

Ricardo Andorinho nasceu em Évora e antes de ser formado no Sporting Clube de Portugal teve na equipa do Evora Andebol Clube (EAC). Depois de ser formado no Sporting Clube de Portugal onde jogou entre 1994 e 2004, depois mudou-se para San Antonio de Espanha onde jogou de 2004 a 2008 onde depois de um grave lesão aos 31 anos abandonou a carreira.
Um dos melhores jogadores portugueses da sua geração. (Fonte: Wikipédia)


Entrevista publicada por MKT Portugal

Entrevista: Ricardo Andorinho

Ricardo Andorinho é um dos Networkers mais conhecidos em Portugal.
Para além da sua actividade como desportista de Andebol, tem vindo a desenvolver fortes relacionamentos com a sua rede. Tem mais de 10.000 contactos na sua rede do Linkedin.
O Ricardo aceitou falar um pouco connosco e partilhar a sua experiência.
O Ricardo tem como áreas de especialidade, a estratégia empresarial, o desenvolvimento organizacional, o capital humano, o Networking e o Social Media

MKTPortugal – Quando falamos de Ricardo Andorinho, estamos a falar de quem? De um desportista, de um networker, de um profissional de Marketing Digital?

Ricardo Andorinho – Estamos a falar de uma pessoa como outra qualquer, com o seu percurso pessoal e profissional, com determinadas características. Costuma dizer-se que um desportista de alta competição no passado, sempre o será no futuro, independentemente da actividade a que se dedique. Não sei se isto é verdade ou mentira. O que sei é que sempre que penso em mim, me vejo a competir, seja a jogar à bola com os amigos, ou a desenvolver negócios. Sou um profissional da gestão acima de tudo. A MBUintelligence dedica-se a planificar e executar projectos na área de Business Intelligence. Trabalhamos em equipa com profissionais da área de tecnologias da informação, financeira e marketing.

MKTPortugal - Qual foi a importância da tua carreira de desportista para a tua actual carreira?

R.A. – Marcante e decisiva enquanto competidor numa economia global. A minha carreira desportiva marcou a forma como vejo o mundo, os relacionamentos pessoais e profissionais. O desporto tem características muito próprias como actividade e a minha experiência foi muito boa no que se refere à avaliação de indivíduos, grupos e cultura organizacionais. Tive a oportunidade de estar entre os melhores de determinada indústria e essa experiência transporto e valido para o mundo profissional da gestão, onde me encontro a 600%. O facto de se viajar muito dá-nos uma perspectiva global deste mundo em que vivemos, sujeito a mudanças cada vez mais radicais e entre espaços de tempo reduzidos. Sem dúvida que a melhor escola de gestão que frequentei foi a prática desportiva, não profissional e profissional. Os comportamentos repetem-se dentro e fora das organizações. Somos humanos, complexos e únicos, e este facto mostra-nos que os problemas organizacionais são, na sua maioria, de cariz comportamental e não técnico.

MKTPortugal – No Panorama português, és claramente um dos “investidores” na tua rede do Linkedin. Tens mais de 10.000 contactos. Qualidade é sinonimo de quantidade? Tens alguma preocupação para manter o “nível” de contactos ou “tudo o que vem à rede é peixe”? Fala-nos um pouco da tua postura como Networker.

R.A. – A minha aventura como networker iniciou-se a sério em 2007, quando comecei a estudar com profundidade o Linkedin. Na primeira semana de utilização intensiva recebi na minha caixa de correio uma revista americana, oferta de uma ligação que tinha acabado de estabelecer e com quem tinha tido o privilégio de trocar no máximo 10 e-mails. Essa experiência fez-me acreditar que havia mais pessoas como eu, que entendem o networking como uma atitude e não como uma actividade qualquer. A partir desta primeira experiência seguiram-se outras de grande impacto tangível. Defino networking como trabalho contínuo em rede e aderi a um grande grupo a nível mundial chamado OPEN NETWORKERS. A única fonte de ligações Linkedin da qual aceito convites sem conhecer as pessoas, é deste grupo internacional. Quando tenho tempo, faço marketing através da minha rede Linkedin, oferecendo a minha ajuda e suporte em questões para as quais estou tecnicamente apto a responder. Uns fazem campanhas de meios e publicidade, eu invisto nas pessoas da minha rede, sempre que tenho oportunidade, estejam elas em Portugal ou no estrangeiro. A quantidade nunca é sinónimo de qualidade, mas defendo a Google quando diz: “more information is better information”. Ao dia de hoje, o critério de busca avançada da minha rede Linkedin é melhor que o CRM da maioria das empresas portuguesas. E isso para mim significa que tenho acesso a uma melhor qualidade de rede, dada também pela quantidade de profissionais que a constituem. A quantidade é um valor objectivo e a qualidade uma característica subjectiva que tem a ver directamente com o meu critério de avaliação, e como os meus contactos estão referenciados, quer por mim, quer pela rede de profissionais com os quais trabalho directamente e em quem deposito a minha maior confiança.

MKTPortugal – Que dicas tens para dar a quem procura ter uma forte rede de contactos (online) ?

R.A. – Que invista numa estratégia bem definida. Que se prepare para gerir esses relacionamentos de forma muito profissional. Que tenha a noção que está a lidar com pessoas e não com direcções de e-mail. Que respeite as actividades e as opiniões da sua rede. Que valide diariamente os princípios pelos quais a sua rede de contactos foi criada. Se um contacto seu desconfiar que se está a aproveitar dele para tirar proveito directo dessa relação, que tenha a noção que pode estar a danificar a sua imagem profissional, e que ela ficará para sempre relacionada com todas e quaisquer acções que você tenha em relação à sua rede. Se é verdade que a rede o pode surpreender muito, de forma positiva, não é menos verdade o contrário. A minha melhor dica é que seja honesto consigo próprio, sob pena de se contradizer perante si e a sua rede de contactos. Ajude, mostre interesse pelos outros, respeite, escute, colabore, envolva-se na comunidade.

MKTPortugal - Tens te posicionado bastante no mercado como um especialista da rede profissional, Linkedin. Porque o Linkedin?

R.A. – Não me posiciono como um especialista. Sou defensor que não existem especialistas em redes sociais digitais, ou reais. As redes sociais sempre existiram e aqueles que são considerados bons gestores de relacionamentos são normalmente considerados líderes por alguém. O meu posicionamento decorre dos estudos que fiz e da minha paixão profissional que é o desenvolvimento organizacional, nos quais as redes sociais assumem um grande protagonismo. Toda e qualquer organização é composta por um conjunto de pessoas e nesse sentido é incrível tentar acompanhar o desenvolver da tecnologia, pois esta, possibilita hoje, um estreitar das relações sem haver contacto físico. O nosso caso (Ricardo Andorinho refere-se a Paulo Morais – Project Manager do Marketing Portugal) é um bom exemplo disso. Sinto que és uma pessoa em quem posso confiar, assuntos de grande responsabilidade. Sabes que já te telefonei várias vezes a pedir-te opinião em relação a várias temáticas.Presencialmente trocámos 32 palavras, num evento…. J Na velha economia (BF – before Google…), não tinha meios que me possibilitassem acompanhar o teu trabalho e construir essa confiança. O Linkedin é a rede que apresenta as características que procuro enquanto profissional. Como anteriormente referi, entendo o networking como uma atitude que tem incorporada a palavra trabalho. Eu não me divirto nas redes sociais. Só trabalho. O Linkedin pelo seu posicionamento como rede e pela forma como está desenhado possibilita uma gestão muito optimizada da nossa rede. Sou um autêntico evangelizador Linkedin porque retiro muito proveito da rede, e gostava que outros pudessem experienciar esse retorno. Infelizmente não o poderão fazer sem algum investimento pessoal. Poderia estar a responder a esta questão durante horas, mas deixo o convite feito para explorarem melhor esta rede profissional, principalmente se os vossos objectivos profissionais passam pela internacionalização, o R&D, e o mercado de RH. Se procuram exposição Web profissional o Linkedin é a resposta. As empresas que são autónomas na definição de critérios de selecção já utilizam o Linkedin como ferramenta prioritária e filtro de candidatos, principalmente nas áreas de tecnologias de informação, marketing e finanças.

MKTPortugal - Achas que a população portuguesa e os empresários já tiram real proveito das redes sociais, em particular do Linkedin?

R.A. – Ainda não. Ainda há uma desconfiança muito grande em relação ao retorno real da utilização deste tipo de plataforma. A experiência de profissionais e empresas será o único motor potente que fará com que estas soluções públicas de gestão da informação e de relacionamentos com o mercado cresçam e ganhem cada vez mais adesão. O comboio já partiu e os primeiros a chegarem terão maior probabilidade de êxito. Temos vários casos de sucesso que gostamos de publicar para mostrar a tangibilidade e a eficiência deste tipo de plataforma. Um exemplo na optimização de um perfil que resultou num contrato de 200.000 euros, ou a duplicação das visitas ao perfil pela simples alteração de dois campos na sua composição. As histórias de êxito internacionais são muitas, mas para os que agora começam, referir que sem qualquer página Web, poderão fazer do vosso perfil Linkedin o grande motor da vossa vida profissional. Na minha rede de contactos tenho vários contactos que montaram a sua empresa em função da utilização eficiente do Linkedin e posso dizer-vos que estão melhor que algumas empresas, nestes tempos difíceis.

MKTPortugal - Para uma empresa que está agora a pensar entrar no mundo online, que dicas lhes podes deixar?

R.A – Que o online é um mundo muito cruel, no qual o utilizador decide em função da sua memória visual, que como todos sabemos é pobre na avaliação dos conteúdos. Daí que a importância do design aliada ao multimédia ganhem cada vez mais força quando se desenham campanhas marketing digital, sejam elas da área de Search Engine, Pay Per Click, Pay Per Impressions, ou Social Media Optimization. As dicas que aqui posso deixar só dependem da minha experiência profissional na área, e que podem ser redutoras para o mundo de estratégias que existem actualmente no digital. Deixo aqui aquelas dicas que tenho mais validadas enquanto a retornos obtidos.

  1. Definição de um plano de marketing digital que contemple:
    1. Definição de uma estratégia de desenvolvimento WEB. Escolha criteriosa dos suportes de conteúdos a serem utilizados em determinado nível de exposição Web
    2. Definição de objectivos no tempo que deverão estar de acordo com os propósitos de entrada no ONLINE – Vendas/Notoriedade/Branding/etc – embora todos os objectivos se cruzem é importante definir e priorizar estes objectivos, uma vez que teremos de medir o quão efectivos estamos a ser
    3. Definição de uma estratégia de gestão de conteúdos alinhada aos objectivos de comunicação corporativa OFFLINE
    4. Definição dos canais WEB a serem trabalhados e respectivas métricas de avaliação
    5. Criação de um sistema de controlo que permite afectar recursos aos canais que apresentam maior retorno para os objectivos definidos
  2. Utilização de boas práticas
    1. Landing Pages
    2. Testes usabilidade às plataformas Web
    3. Velocidade de subida das páginas
    4. Estrutura de Links de uma página Web
    5. BackLinks e sua qualidade
    6. Indexação de conteúdos multimédia
    7. Velocidade de subida de conteúdos e movimentação das plataformas Web, perfis sociais, ou suportes alternativos de conteúdos

MKTPortugal - Outra matéria em que tens mostrado especialização, é na área do plano de marketing digital. Qual é a importância do plano de Marketing Digital numa empresa e como devem as empresas “pensar” o seu plano?

R.A – Penso que acabei por responder anteriormente. A importância de um plano de exposição digital ganha uma importância redobrada, pois exige que as equipas responsáveis pela área Web das empresas tenham um conjunto de conhecimentos técnicos e de experiência numa área, nova, em constante alteração, a ritmos que os humanos não controlam. Daí que seja necessário um grande esforço ao nível de recursos humanos para colocar ONLINE campanhas que têm fortes impactos nos targets definidos. Os utilizadores e o público em geral são muito inteligentes. Basta fazerem algumas buscas no Google insight para comprovarem o que estou a dizer. O que as pessoas procuram ou as tendências que se verificam actualmente onde a informação voa, é importante fazer um trabalho muito responsável no digital, sob pena de estarmos a colocar a nossa empresa ou marca em situações de grande fragilidade. Há uns tempos atrás ter uma página Web seria suficiente para marcarmos a nossa presença ONLINE. Hoje, não basta. A concorrência está aí cada vez mais, com campanhas, ofertas, e a manipular comunidades com grandes retornos. Na minha opinião, o custo de oportunidade de não nos lançarmos no digital de forma profissional é enorme.

MKTPortugal - Quais as próximas tendências para o “mundo digital”?

R.A – Mobile, Mobile, Mobile. A mobilidade total e a comunicação via TV penso que são as grandes tendências. A acessibilidade já não vai depender do sítio onde nos encontrarmos, se não na definição do device que queremos utilizar para acedermos aos conteúdos, sejam eles de carácter profissional, pessoal ou de puro entretenimento.

MKTPortugal - Para quem segue o Ricardo, não é difícil perceber a importância que dás ao Capital Humano. Qual é a tua visão sobre este tema?

R.A. – Hoje em dia existem algumas palavras e expressões muito na moda. Algumas são: gestão de capital intelectual, competitividade, motivação e liderança, coaching, etc. Em relação à prática e falando só da minha experiência, única área na qual me atrevo a falar, os problemas que temos hoje em dia nas organizações são exactamente os mesmos que tínhamos há muitos anos atrás, e serão os mesmos que teremos no futuro. Há algo que a tecnologia ainda não controla. Refiro-me à forma como os humanos se relacionam. É uma área pela qual me interesso muito, pois vivi a observar grupos e equipas de alta competição nos cenários mais adversos em relação à pressão competitiva, esforço e técnica individual, trabalho de equipa, motivação e liderança. Tenho a sorte de trabalhar na MBUintelligence com pessoas que estudaram muito dentro destas áreas e com as quais aprendo todos os dias. Utilizamos uma tecnologia nesta área que permite objectivar o esforço entre os relacionamentos dos membros de constituem as equipas de trabalho. Conseguimos através de um modelo matemático que apresenta 77% no test re-retest (medida estatística que verifica a validade de um instrumento tecnológico) objectivar algo tão complexo como os relacionamentos humanos, possibilitando às organizações visualizarem quais os relacionamentos mais problemáticos nas suas equipas de trabalho. O que estamos aptos a avaliar é a forma como o individuo processa a informação em seu redor. A tecnologia devolve 16 perfis psico-métricos e 14 tipos de relacionamentos diferentes entre esses mesmos perfis. É um instrumentos que ajuda a organização a prever comportamentos, relacionamentos e cultura organizacional e está a revolucionar um pouco a forma como as empresas tomam as suas decisões na área do recrutamento e selecção, por exemplo. Se soubermos o perfil que procuramos ou a tipologia dos perfis que constituem as equipas de trabalho, é fácil tomarmos melhores decisões de gestão, quando estamos a falar de áreas tão sensíveis como é a contratação de um novo membro ou o despedimento de outro. Estas decisões são normalmente subjectivas e não são validades por qualquer instrumento de análise. O 4G (nome desta tecnologia) permite tomar decisões com base na % de fricção entre os perfis dos diversos elementos. Não existem perfis bons ou maus, existem perfis que se adaptam às equipas e perfis que não se adaptam. Esta tecnologia permite facilitar a entrada de um novo colaborador no grupo, aumentar a rapidez com que este começa a produzir e diminuir a probabilidade de abandono do posto de trabalho, que como sabemos continua a ser muito elevada na maioria das empresas (ao fim de 6 meses). Outro dos casos em que faz todo o sentido é nos processos de fusões ou aquisições de empresas. Os pressupostos financeiros podem estar validados, mas nunca sabemos como a nova equipa de gestão irá trabalhar junta. Com esta ferramenta podemos antecipar eventuais conflitos ou por outro validar a adequação de perfis psico-métricos entre os membros da nova equipa. As aplicações desta tecnologia são transversais aos grupos de trabalho, independentemente da actividade que desenvolvam.

MKTPortugal – Para ti, qual a importância que um projecto como o MKTPortugal pode ter para as pessoas? O que achas do trabalho que tem vindo a ser feito?

R.A. – Sem dúvida que esta comunidade entrega um grande valor para todos os seus leitores, seguidores e adeptos. Existem poucas pessoas que entendem e colocam o valor da comunidade acima do interesse da propriedade do projecto. É com grande prazer que vejo o projecto do MKT Portugal a crescer, com um plano claramente definido, e a desenvolver-se de forma muito sustentada. Os meus parabéns!

MKTPortugal - O que podemos esperar de Ricardo Andorinho nos próximos tempos?

R.A – Trabalho :)

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